segunda-feira, janeiro 29, 2007
BABEL
Babel é o novo filme de Alejandro González-Iñarritu. Já ganhou o Golden Globe e será um forte candidato ao Oscar. Se levar a estatueta, marcará uma tendência na Academia, pois no ano passado, Crash venceu com temas muito semelhantes: desencontros, desentendimentos, incapacidade de comunicação entre as pessoas.
Babel é o grand finale da trilogia de Iñarritu, iniciada por Amores perros (2000) e 21 gramas (2003). Como todos os filmes de Iñarritu, a tragédia dá o tom de suas narrativas: a desintegração completa de seus mundos leva os personagens a situações-limites. Como Amores perros, Babel tem três enredos, unidos por um aspecto inusitado. E por acontecer em três continentes (América, África e Ásia), o filme ouriça as sensibilidades globalizantes. A justaposição dos enredos pode levar a especulações ao melhor estilo "teoria do caos": veja só, um menino dá um tiro no Marrocos e 24 horas depois uma mexicana é expulsa dos EUA. Ou então pode inspirar reflexões de caráter universalista: apesar das diferenças culturais e étnicas, somos o mesmo gênero humano, em face dos mesmos dramas e acometidos pelas mesmas tragédias. A dissolução dos mundos dos personagens é o denominador comum do filme, cortando os diferentes povos e classes sociais.
No entanto, ao fazer um balanço do entrecho do filme, é muito difícil concordar com essa reflexao do "drama humano" que transcende culturas e classes. Há uma dinâmica de poder bastante atuante no filme. Se somos todos vítimas dos mesmos problemas de comunicação, uns parecem ser mais vulneráveis que os outros.
Os americanos voltam como heróis, protegidos pelo helicoptero da embaixada, os japoneses se reconciliam na cobertura do prédio, enquanto os marroquinos, além de torturados pela polícia, são tratados como terroristas pela imprensa. A mexicana é expulsa dos EUA depois de ter ficado perdida no deserto.
Sim, somos todos globalizados. Sim, eventos lá na Conchichina afetam a todos do globo. Mas definitivamente não estamos todos no mesmo barco...
Babel é o novo filme de Alejandro González-Iñarritu. Já ganhou o Golden Globe e será um forte candidato ao Oscar. Se levar a estatueta, marcará uma tendência na Academia, pois no ano passado, Crash venceu com temas muito semelhantes: desencontros, desentendimentos, incapacidade de comunicação entre as pessoas.
Babel é o grand finale da trilogia de Iñarritu, iniciada por Amores perros (2000) e 21 gramas (2003). Como todos os filmes de Iñarritu, a tragédia dá o tom de suas narrativas: a desintegração completa de seus mundos leva os personagens a situações-limites. Como Amores perros, Babel tem três enredos, unidos por um aspecto inusitado. E por acontecer em três continentes (América, África e Ásia), o filme ouriça as sensibilidades globalizantes. A justaposição dos enredos pode levar a especulações ao melhor estilo "teoria do caos": veja só, um menino dá um tiro no Marrocos e 24 horas depois uma mexicana é expulsa dos EUA. Ou então pode inspirar reflexões de caráter universalista: apesar das diferenças culturais e étnicas, somos o mesmo gênero humano, em face dos mesmos dramas e acometidos pelas mesmas tragédias. A dissolução dos mundos dos personagens é o denominador comum do filme, cortando os diferentes povos e classes sociais.
No entanto, ao fazer um balanço do entrecho do filme, é muito difícil concordar com essa reflexao do "drama humano" que transcende culturas e classes. Há uma dinâmica de poder bastante atuante no filme. Se somos todos vítimas dos mesmos problemas de comunicação, uns parecem ser mais vulneráveis que os outros.
Os americanos voltam como heróis, protegidos pelo helicoptero da embaixada, os japoneses se reconciliam na cobertura do prédio, enquanto os marroquinos, além de torturados pela polícia, são tratados como terroristas pela imprensa. A mexicana é expulsa dos EUA depois de ter ficado perdida no deserto.
Sim, somos todos globalizados. Sim, eventos lá na Conchichina afetam a todos do globo. Mas definitivamente não estamos todos no mesmo barco...