quarta-feira, fevereiro 23, 2005
ATUALIZAÇÃO
Na última entrada do blogue eu falei sobre a expectativa da visita do ministro Gilberto Gil. Pois bem, ele veio. E, no geral, alegrou os ânimos dos estudantes de Berkeley. Discursou por mais de uma hora para uma platéia muito simpática ao ministro - indo ao delírio a qualquer menção ou crítica indireta de Gil ao governo dos EUA. Confesso a vocês que acho que retórica de Gil muito empolada, cheias de palavras de efeito e metáforas inusitadas - uma verdadeira gororoba neobarroca. Tudo bem, até aí nada de novo. O que acredito que mais encantou a americanada foi a segunda parte de sua palestra, quando ele se sentou com o violão e começou a responder respostas da platéia. A sua espontaneidade, diante da rigidez anglo-saxã de seu anfitrião americano, foi desconcertante. E no final, ele cantou Three Little Birds de Bob Marley (Don’t worry about a thing,’cause every little thing gonna be all right) e Aquele Abraço. Esses foram os momentos altos da noite. Não precisa nem dizer que o cantor dá de dez a zero no orador.
Na entrevista que eu fiz com ele na sexta-feira, novamente a velha tática dos políticos: fazia uma pergunta e Gil respondia o que queria. Defendeu o portunhol, a integração latino-americana, a história da cultura africana no currículo das escolas públicas e otras cositas más. Mas aí só lendo a entrevista.
***
No Brasil, só se fala de Severino. No absurdo de ter um reacionário inexpressivo como Severino Cavalcanti na presidência da Câmara dos Deputados. Eu assisti ao discurso de posse dele na TV Câmara (pela internet) e, de fato, constatei a total inabilidade do deputado pernamubcano para articular o seu discurso. Seu desempenho foi constrangedoramente pífio.
Mas, por algum motivo - talvez por falta de pauta - a imprensa está pegando Severino pra Cristo. Ora, ora... até parece que o Parlamento Brasileiro é habitado por Nabucos, Santiago Dantas, Afonso Arinos e outros da mesma estirpe. Como se o nosso Parlamento fosse constituído de uma grande geração de estadistas, de fato preocupados com o futuro da nação. Uma Câmara dos Deputados que teve como presidente Marco Maciel, Paes de Andrade (e o seu famoso escândalo Mombaça), Inocêncio de Oliveira (que é acusado de manter trabalho escravo em suas fazendas e de desviar recursos do DNOCS para perfurar poços em sua propriedade particular) não pode reclamar de Severino Cavalcanti.
De qualquer modo, a eleição de Cavalcanti não deixou de ter um quê de vergonhoso. Errou o PT porque quis impor o nome de Greenhalg quando a bancada havia escolhido outro (há muito tempo essa história de democracia de base é uma grande conversa fiada no PT), erraram os tucanos e a oposição pois fizeram o jogo de quanto pior, melhor.
Pois bem, os deputados têm o presidente que merece. Que não é nada pior que Paes de Andrade (que aliás, é embaixador de Lula em Lisboa) e Inocêncio de Oliveira. Aliás, talvez seja até melhor que estes meliantes citados acima.
Na última entrada do blogue eu falei sobre a expectativa da visita do ministro Gilberto Gil. Pois bem, ele veio. E, no geral, alegrou os ânimos dos estudantes de Berkeley. Discursou por mais de uma hora para uma platéia muito simpática ao ministro - indo ao delírio a qualquer menção ou crítica indireta de Gil ao governo dos EUA. Confesso a vocês que acho que retórica de Gil muito empolada, cheias de palavras de efeito e metáforas inusitadas - uma verdadeira gororoba neobarroca. Tudo bem, até aí nada de novo. O que acredito que mais encantou a americanada foi a segunda parte de sua palestra, quando ele se sentou com o violão e começou a responder respostas da platéia. A sua espontaneidade, diante da rigidez anglo-saxã de seu anfitrião americano, foi desconcertante. E no final, ele cantou Three Little Birds de Bob Marley (Don’t worry about a thing,’cause every little thing gonna be all right) e Aquele Abraço. Esses foram os momentos altos da noite. Não precisa nem dizer que o cantor dá de dez a zero no orador.
Na entrevista que eu fiz com ele na sexta-feira, novamente a velha tática dos políticos: fazia uma pergunta e Gil respondia o que queria. Defendeu o portunhol, a integração latino-americana, a história da cultura africana no currículo das escolas públicas e otras cositas más. Mas aí só lendo a entrevista.
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No Brasil, só se fala de Severino. No absurdo de ter um reacionário inexpressivo como Severino Cavalcanti na presidência da Câmara dos Deputados. Eu assisti ao discurso de posse dele na TV Câmara (pela internet) e, de fato, constatei a total inabilidade do deputado pernamubcano para articular o seu discurso. Seu desempenho foi constrangedoramente pífio.
Mas, por algum motivo - talvez por falta de pauta - a imprensa está pegando Severino pra Cristo. Ora, ora... até parece que o Parlamento Brasileiro é habitado por Nabucos, Santiago Dantas, Afonso Arinos e outros da mesma estirpe. Como se o nosso Parlamento fosse constituído de uma grande geração de estadistas, de fato preocupados com o futuro da nação. Uma Câmara dos Deputados que teve como presidente Marco Maciel, Paes de Andrade (e o seu famoso escândalo Mombaça), Inocêncio de Oliveira (que é acusado de manter trabalho escravo em suas fazendas e de desviar recursos do DNOCS para perfurar poços em sua propriedade particular) não pode reclamar de Severino Cavalcanti.
De qualquer modo, a eleição de Cavalcanti não deixou de ter um quê de vergonhoso. Errou o PT porque quis impor o nome de Greenhalg quando a bancada havia escolhido outro (há muito tempo essa história de democracia de base é uma grande conversa fiada no PT), erraram os tucanos e a oposição pois fizeram o jogo de quanto pior, melhor.
Pois bem, os deputados têm o presidente que merece. Que não é nada pior que Paes de Andrade (que aliás, é embaixador de Lula em Lisboa) e Inocêncio de Oliveira. Aliás, talvez seja até melhor que estes meliantes citados acima.
segunda-feira, fevereiro 14, 2005
MILLER, FILMES, GIL...
Arthur Miller morreu na sexta-feira. Automaticamente veio à memória Death of a Salesman, peça famosíssima de Miller, que li quando morava no Texas, há bons anos atrás. A peça coloca ao avesso o American Dream. Com a mão de mestre, Miller desnuda, no drama de Willy Lomam, toda uma mentalidade que ainda viceja na cultura americana. Cultura essa que deu uma conotação à palavra loser um significado que ele só tem aqui nos EUA.
********
Ainda não assisti a todos os filmes concorrendo ao Oscar, mas sem dúvidas, o melhor até agora foi Sideways do cineasta independente Alexander Payne . A interpretação de Paul Giamatti (que faz o papel do escritor frustrado) é simplesmente genial. O filme mistura uma comédia inteligente com um drama contido. Ainda não assisti ao filme de Eastwood que está sendo um sucesso de crítica. Este será o próximo.
********
O ministro da Cultura, Gilberto Gil, estará aqui em Berkeley esta semana (http://www.clas.berkeley.edu:7001/). Dará uma palastra sobre a situação da cultura brasileira contemporânea. Fui convidado pela revista do nosso departamento aqui em Berkeley, Lucero (http://socrates.berkeley.edu/~uclucero/), para fazer uma entrevista com Gil na sexta-feira. Vejamos como isso se dá.
Nesse semestre ainda passarão por aqui Walter Salles e Luiz Dulci, assessor de Lula - para delírio dos petistas de Berkeley.
Arthur Miller morreu na sexta-feira. Automaticamente veio à memória Death of a Salesman, peça famosíssima de Miller, que li quando morava no Texas, há bons anos atrás. A peça coloca ao avesso o American Dream. Com a mão de mestre, Miller desnuda, no drama de Willy Lomam, toda uma mentalidade que ainda viceja na cultura americana. Cultura essa que deu uma conotação à palavra loser um significado que ele só tem aqui nos EUA.
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Ainda não assisti a todos os filmes concorrendo ao Oscar, mas sem dúvidas, o melhor até agora foi Sideways do cineasta independente Alexander Payne . A interpretação de Paul Giamatti (que faz o papel do escritor frustrado) é simplesmente genial. O filme mistura uma comédia inteligente com um drama contido. Ainda não assisti ao filme de Eastwood que está sendo um sucesso de crítica. Este será o próximo.
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O ministro da Cultura, Gilberto Gil, estará aqui em Berkeley esta semana (http://www.clas.berkeley.edu:7001/). Dará uma palastra sobre a situação da cultura brasileira contemporânea. Fui convidado pela revista do nosso departamento aqui em Berkeley, Lucero (http://socrates.berkeley.edu/~uclucero/), para fazer uma entrevista com Gil na sexta-feira. Vejamos como isso se dá.
Nesse semestre ainda passarão por aqui Walter Salles e Luiz Dulci, assessor de Lula - para delírio dos petistas de Berkeley.